Por Michele Rodrigues, neuropsicopedagoga
O brincar é uma atividade presente na rotina da Educação Infantil e pode ser compreendido como um recurso de aprendizagem, desenvolvimento e mediação terapêutica. No caso de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o brincar estruturado e mediado apresenta potencial para favorecer a comunicação, a interação social e a ampliação de repertórios comportamentais.
A função do brincar no desenvolvimento de crianças com TEA
Crianças com TEA podem apresentar padrões de brincadeira restritos, dificuldade de engajamento simbólico e limitações na interação com pares. Pesquisas indicam que intervenções baseadas em brincadeiras dirigidas e compartilhadas, como as propostas por Kasari et al. (2006), podem contribuir para o aumento da atenção conjunta e da comunicação funcional. A mediação do adulto no processo de brincar é fundamental para estabelecer objetivos terapêuticos e pedagógicos alinhados às necessidades da criança.
Mediação pedagógica e organização do ambiente
No espaço escolar, o brincar pode ser planejado de forma intencional, com organização do ambiente, seleção de materiais acessíveis e definição de objetivos claros. Estratégias como a antecipação de rotinas, o uso de suportes visuais e a estruturação do tempo favorecem o engajamento da criança nas atividades lúdicas (Schreibman et al., 2015).
A bloomy oferece materiais estruturados para apoiar professores na criação de ambientes pedagógicos acessíveis, com foco no desenvolvimento de habilidades por meio de brincadeiras dirigidas. Por meio do programa Conexão bloomy, as escolas têm acesso a vídeos formativos, roteiros de atividades e modelos de registro para acompanhar o progresso da criança.
O brincar como parte do plano de intervenção educacional
A inclusão de atividades lúdicas no plano de intervenção educacional para crianças com TEA deve considerar os interesses específicos da criança, o grau de suporte necessário e as metas de desenvolvimento. A literatura recomenda o uso de estratégias baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA), como o ensino incidental e o reforço positivo durante brincadeiras (Leaf et al., 2016).
A bloomy também disponibiliza orientações sobre como integrar o brincar com objetivos educacionais, garantindo coerência entre a proposta pedagógica da escola e as estratégias terapêuticas recomendadas.
Conclusão
O brincar é uma ferramenta de ensino, mediação e intervenção relevante no contexto da Educação Infantil, especialmente para crianças com TEA. A utilização de práticas estruturadas, com mediação pedagógica qualificada, permite que o lúdico seja incorporado ao cotidiano escolar com intencionalidade. Iniciativas como as oferecidas pela bloomy contribuem para a formação da equipe escolar e para a implementação de práticas acessíveis e sustentadas por evidências científicas.
Referências
Kasari, C., Freeman, S., & Paparella, T. (2006). Joint attention and symbolic play in young children with autism: a randomized controlled intervention study. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 47(6), 611–620. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16712638/
Leaf, R., McEachin, J., & Taubman, M. (2016). A Work in Progress: Behavior Management Strategies and a Curriculum for Intensive Behavioral Treatment of Autism. DRL Books.
Schreibman, L., Dawson, G., Stahmer, A. C., Landa, R., Rogers, S. J., McGee, G. G., ... & Halladay, A. (2015). Naturalistic developmental behavioral interventions: empirically validated treatments for autism spectrum disorder. Journal of Autism and Developmental Disorders, 45(8), 2411–2428. https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4513196/