Por Michele Rodrigues, neuropsicopedagoga
A classificação do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em três níveis – 1, 2 e 3 – conforme o DSM-5, baseia-se na quantidade de suporte que a pessoa necessita para funcionar no cotidiano. O nível 1 corresponde ao indivíduo que precisa de menos apoio, enquanto o nível 3 indica maior necessidade de suporte (American Psychiatric Association, 2014). Essa categorização, no entanto, não descreve de forma completa o funcionamento global da criança, nem suas capacidades em diferentes contextos, como o escolar.
Portanto, utilizar expressões como “autismo leve” ou “autismo severo” pode simplificar em excesso a complexidade do desenvolvimento infantil. Crianças com o mesmo nível diagnóstico, podem apresentar habilidades e desafios distintos em áreas como linguagem, cognição, interação social e comportamento adaptativo. Além disso, o grau de suporte necessário pode variar ao longo do tempo e com a mediação adequada.
Riscos da simplificação na prática pedagógica
Quando o diagnóstico é usado como única referência, há o risco de se reduzir a criança ao seu rótulo clínico, o que pode afetar a elaboração de estratégias pedagógicas e a expectativa dos educadores. A observação contínua, o planejamento individualizado e a escuta da família são ferramentas fundamentais para compreender as reais necessidades e potencialidades da criança (Brasil, 2009).
Na perspectiva da inclusão escolar, o papel da escola é observar, registrar, acolher e adaptar suas práticas, respeitando a singularidade de cada estudante. Parcerias com profissionais da saúde e diálogo constante com a família ampliam as possibilidades de suporte. A classificação diagnóstica pode ser um ponto de partida, mas não substitui o olhar atento e cuidadoso das equipes pedagógicas.
Como a bloomy pode contribuir
A bloomy oferece conteúdos, formações e recursos que auxiliam escolas e educadores no acolhimento de crianças com TEA. A partir de uma abordagem centrada na criança e na colaboração entre famílias e profissionais, busca-se promover práticas inclusivas baseadas em evidências e aplicáveis ao cotidiano escolar. Mais informações podem ser acessadas em: www.bebloomy.com.br
Referências
American Psychiatric Association. (2014). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5 (5. ed.). Artmed.
Brasil. (2009). Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Ministério da Educação. http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf